domingo, 21 de novembro de 2010

Assim como as flores

Só falo das coisas que sinto,
Do cansaço desta busca,
Do inchaço destes olhos que os campos amarelecidos têm cegado aos poucos.

É preciso haver um lírio em meio aos girassóis.
É preciso calar a voz que grita a todos que nascemos para seguir o sol.
Quero me perder na brancura de um lírio só.

Desejo que as perdas formem a ponte desse encontro que tem aspirações de milagre,
de flor que nasce no terreno do impossível.
Quero que o mundo inteiro pare e veja,
por alguns instantes que é findado o tempo das esperas.
Num cantinho qualquer eu encontrei um lírio no campo de girassóis.

Quase nada pode ser tão bonito quanto este encontrar-se.
E depois, reconhecer-se, perder a orientação,
fixar-se num ponto só.

Não permita meu Deus!
Que meus olhos se cerrem sem que antes eu veja  a delicadeza singela deste lírio,
que brotou para fazer enxergar ao lado a vista que se perdia na imensidão amarela do horizonte.

Nenhum comentário: