quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Reticência

Às vezes agente chega em alguns lugares nessa vida, que agente tem que parar e chorar, para lembrar que agente ainda está vivo, um choro forte como o do primeiro dia, que nos trouxe o primeiro abraço. As vezes agente precisa chorar de novo para tentar achar esse abraço que se perdeu no caminho, nem que esse seja o derradeiro.
Coisa triste é se acostumar com a vida, fazer tudo diferente parecer igual, e fazer do diverso a coisa mais feia desse mundo.
Eu quero gritar  diante desse cenário, que palavra nenhuma consegue definir. Eu preciso desse silêncio mudo, que me faz querer revidar, reviver as palavras empoeiradas. Tenho guardado  algumas virgulas, umas exclamações, pedaços de frases feitas, para vê se me lembro, mas meu coração ainda não encontrou as palavras certas.
Vai ficando assim, suspiro, reticencia, feição sem tradução, nada que possa ser dito.

domingo, 22 de julho de 2012

finitude


Acho que finalmente acabaram
as meias resposta;
as perguntas subjetivas;
a vida fácil!

Não é mais o bastante
as lagrimas de fim de semana;
o sorriso plástico;

Esse palhaço nunca pareceu engraçado!
As meias calças não escondem as feridas.
O pouco é absolutamente insuficiente.
Sempre foi.

As palavras se foram.
Levaram as rimas, a poesia.
Ficou só  o silencio.

O poeta calado.
Castrado.
É e não é.
Fica sendo sem querer o que nunca foi.

sábado, 14 de abril de 2012

Para falar a verdade

Falando sério, eu não sei como é que essa vida acontece, como esse vinho pode entorpecer meu corpo sem causar qualquer mero efeito na alma.
Não dá para saber como se vive com esse grito no ouvido, que só a unicidade faz ouvir. Como é que se leva a vida na brisa, quando ela pede vendaval.
Como é que não se chora quando o coração nega, mas a lagrima só existe para dizer que a vida foi triste. Como é que se recomeça quando o desencontro se apercebe no desencontro, e no outro desencontro.
Como é que eu minto? Se nem mesmo posso cogitar que minhas mentiras sejam verdade?
Como é que se faz isso?
Como é que se restringe quando tudo explode?
Eu não sei como se pára, como se faz, ou o que eu to fazendo aqui além de esperar pelo fato.
Vai não precisa acompanhar meu passo, que é lento, que é torto, que só sabe caminhar assim.
Vai e tenta fazer diferente, tenta não doer.
Tenta ....
Tenta....
Tenta....
Terás o meu aplauso quando conseguir. Tantos conseguem.
Eu? Temo. Compadeço. Invejo.
Eu sigo.
Eu continuo.
Eu permaneço.
Eu fico nesses versos, não importa para onde eu vá, porque, sou poeta, porque sou esse grifar.
Se ele sumir é porque não sou. Porque apenas fui.
Não sinta. Não lamente, cruz é apenas um pedaço do caminho.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um Poema para Priscila

Na rosa dos ventos,
nessa rosa plantada no chão da vida,
as direções são tantas,tantos são os caminhos,
que agente simplesmente vai...

Às vezes agente precisa ir,
e perceber que agente sabe voltar.
Que temos para onde voltar.

Nessas indas e vindas,
encontros são sinais de alento.
E agente acha que finalmente achou a direção.
Esquece que a vida não tem mapa.

Nesse caminho agente encontra tesouros assim, às cegas.
Fico feliz por ter te encontrado!
Por poder coexistir.
Por ter podido escrever esses versos para você.

Eu sei que a vida não pára.
Que ela gira enquanto rotaciono.
Que é raro alguém, que estando de fora compreenda.

Alguém que não fique tonta com essa quadrilha,
que se não entende,
 resigna,
 se apieda.

Porque nessa vida amiga,
estou sempre indo e voltando,
e nas voltas que essa vida dá,
tens sempre um abraço guardado e um encontro de volta marcado.




quinta-feira, 22 de março de 2012

Nesse caminhar às cegas,
só agora percebo,
não estou vindo!
Estou indo, voltando.

Presa nesses passos,
tentando colocar um ritmo
entender onde estou...

Só agora percebo
pouco importa!
seja o caminho que for
o que pareça ser!

Não é a estrada que interessa
é a volta
o horizonte.

Lá onde está o coração
onde estas palavras se agigantam
sem serem ditas.
Lá onde vejo de olhos fechados

Aqui eu sou menos
Vou ficando menor
a contrasenso das vozes

Se diminuo
se vou sumindo
é porque caminho
vou chegando

Eu não acabo
meu verso não pára
Não deixo de ser
me transformo!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Do que não se vê

Deus é essa poesia dentro de mim,
é essa voz que não cessa de sussurrar todas essa palavras,
e elas ficam aqui voando soltas na minha cabeça.
Até que um dia explodem em tinta num papel.

Naum dá para viver sem Deus!
Porque não posso viver sem cada um destes versos.
Porque o silêncio destas estrofes é a maior de todas  as dores.

E se você me olha, e simplesmente não vê,
que a garota na foto se distingue de todas as outras
eu não te culpo!

Sempre houve tanto esforço para fazê-lo,
tanta luta para ser cinza,
Não exijo que seus olhos pequenos vejam os raios amarelos
que só eu vejo nesse retrato antigo.

Sei pouco,
Sei que o Deus em mim não morre,
que morro todo dia e renasço nele!

E um dia, enquanto planto essas estrofes,
e aguardo que as flores enfeitem meus dias
eu espero ver sua sombra,
mas venha de óculos escuros.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Felicidade Insólida

                        Um dia pode ser que alguém tente comprar meu verso com um cartão de crédito, meu sorriso com um pouco de gin,  e a felicidade com uma pretensa distância e embrulhos embaixo do braço. Queria poder dizer a alguém que esses versos não valem nada! Que a gin tônica amarga mais o meu coração que esse sorriso e que não dá, simplesmente não dá para fugir de mim mesma. Confesso que já me vesti de seda tantas e tantas vezes, acreditando que o presente valia mais que o embrulho, mas acabei colecionando um sem fim de caixas vazias, decoradas com os mais diferentes adornos. 

                         Uma caixa, é só uma caixa vazia no final das contas, onde agente acaba guardando coisas que não suporta todo tempo, mas que não consegue se desvencilhar.

                         Sinto falta de uma sombra inxerida, de trazer os espíritos livres para um jantar, sinto falta da inexistência,  porque meus olhos estão cansados de toda essa vida que brota sem querer viver,  e dessa vida que vive sem qualquer outra vivendo junto.

                         A primariedade dessa valsa, com pés tortos, inábeis, não me dá vontade de sorrir, porque os belos vestidos de seda não enganam os meus olhos quanto a feiura destes pés, e o descompasso dessa dança.

                        Cedo ou tarde cada pé torto acaba encontrando um recanto numa cadeira do salão, e nesse baile de máscaras, os asnos dançam, a banda toca uma valsa, sem fim, nem começo, e quase todos rodopiam numa alegria inócua!