quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Rasuras

 

Todo dia escrevo um trecho novo dessa minha história.
Vida a fora vou gastando meu nanquim.
Narração que se constrói na medida em que o autor se perde.
Palavras mortas abrindo portas à ressurreição.
Versos grafados e assinados pela impressão do próprio ser, 
que acaba sendo um pouco menos quando a historia acontece.
As horas perpassando os dias.
Os dias os anos. 
Os anos a vida inteira.
Cada traço de tinta é menos do que já fora,
e mais de tudo quanto jamais se perderá.
É o legado que se construiu.
Letras, contornos, pontos e rabiscos.
O único tesouro escondido,
num papel roto qualquer. 




sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Silêncio

Quando as palavras são insuficientes,
é que não sou mais nada além de um grande vazio.
Se simplesmente não há o que dizer,
Que eu seja só silêncio então.
Gritar não é a única forma de sentir dor.

Brilham as estrelas no alto dos céus.
Dormem os homens.
Cada palavra não dita agora ecoa,
aos ouvidos daqueles que não se eximiram de deixá-los abertos.

Tudo é cena e cenário
aos que dormem com os olhos abertos.
A lágrima é sonho e o sorriso escravidão.

Amanhã,
Olhos inchados,
Sol na janela.
Hoje silencio e solidão.