sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Antes que o Mundo Acabe

Sem querer me apropriar de algo que não me pertence, mas me vejo obrigada a fazer do título deste texto, o título do filme, antes que o mundo acabe, que aliás, aos que ousarem ler isso, está mutíssimo recomendado, e só o utilizo agora, porque em verdade essa frase virou uma obcessão na minha cabeça, e de fato, as coisas parecem fazer muito mais sentido quando coloco essa frase no prefácio de qualquer acontecimento.
E sendo assim, antes que o mundo acabe, eu me senti forçada, a escrever sobre uma cena que parece de cinema, mas invariavelmente fui presenteada nessa viagem a caminho de Belém-PA.
Não acredito muito nessa coisa de destino ou como quer que queiram chamar, mas em suma, enquanto agardava um infinidade de horas para que a conexão do vôo finalmente chegasse, vi que a mim ,a espera incomodava mais do que deveria, havia na minha frente, diante dos meus olhos ansiosos, um casal de idosos, que nem mesmo pareciam compatíveis com aquele estruturado aeroporto, com seus passageiros de pastas executivas, ternos e gravatas, outros com seu computadores portáteis e telefônes, cheios de tédio naquela espera que a vida cotidiana simplesmente não lhes permitia.
Entremeado aquela correria, suspiros de pressa e conversas politicas ou de trabalho aquele casal permanecia abraçado, ela com uma blusa de frio, acho que de lã, e ele com seu pulover cinza, liam um mesmo livro, que ele segurava e ora ele lia um capítulo, ora ela lia o próximo, e ali como se estivessem na posição mais confortável do mundo, eles diviam a leitura daquele livro, como por certo deveriam ter dividido a vida toda.
Para mim, aquela cena parecia tirada de um filme antigo, a bem da verdade, nem tentei saber de que livro se tratava, mas deveria ser interessante o suficiente para mantê-los ali, desapercebidamente ignorando o tempo, e as pessoas ao redor, pareciam de fato estar na sala de sua residencia, e o braço dele em volta da cintura dela dava conta disso.
Não sei como termina essa história, nem mesmo se terminaram de ler o livro, quem sabe eles só tivessem lido aquelas paginas para ajudar a passar o tempo, e jamais necessitassem de coisa alguma para estarem juntos, ou talvez eu esteja de fato romantizando tudo, pois por certo ainda esteja sob o forte impacto que o inesperado daquela cena me causou, taí mais uma coisa que eu não sei, mas sei de algo, que é o verdadeiro motivo para o existir desse texto, eu simplesmente achei que essa cena merecia ser contada antes que o mundo acabe, a propósito gostaria de vê-la mais vezes antes disso.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A bailarina

Um dia ela saiu
foi voar com seu guarda-chuva
foi deixando a porta aberta
e as chaves para traz

Decidiu olhar o medo nos olhos
subir na corda bamba
esperar a hora de cair.

No desalento deste salto
descobriu que era hora de voar,
um voo repousado, calado.
Espetáculo de silencio. Sem aplauso.

A bailarina de vestido rasgado
O tempo preso no relógio
O sorriso levemente traçado, o joelho dobrado
após a queda o primeiro passo.


sábado, 16 de julho de 2011

Meu lado Augusto.

Tire  sua máscara
E olhe no fundo dos olhos
Dessa figura estranha
que se mostra refletida no espelho.

Tire sua máscara
E vá brincar seu carnaval sem ela.
Veja se você ainda consegue sorrir.

Tire sua máscara.
Sinta o desconforto das pessoas,
Veja se elas permanecem ao seu lado,
quando todas as cicatrizes estiverem expostas.

Tire sua máscara.
Tenha um pouco de fé.
Veja o que sobrou por traz dela. 

sábado, 18 de junho de 2011





Hoje eu estou estranhamente bem. E antes que me pergunte, não, nada mudou, está tudo nos mesmíssimos lugares, cada pedaço de desarranjo, cada quina incômoda, cada parte de sentimentos, tudo assim, meio desarrumado como sempre fôra.
 Hoje eu simplesmente optei por ficar aqui, quieta, na segurança de quem eu sou, a preferir a incerteza de quem eu posso ou quero ser. Hoje preferi uma xícara quentinha de café, alguns biscoitos caseiros, à um belo fast food.
Eu finalmente resolvi ouvir novamente aquela música, que até outro dia me fazia chorar. Hoje eu canto, e deixo os pedaços de palavras e sons fazerem desse dia um dia melhor, ao menos até a parte que isso dependa de mim.
Hoje me dei conta de que há grandes chances de nunca conseguir cumprir as promessas que tenho me feito por anos a fio, mas que preciso fazê-las, porque a vida é um dom precioso demais para que não façamos planos, para não sonhar em ser feliz, ou pior, ignorar que talvez isso seja realmente possível.
Sei tão bem que nem sempre sou assim, embora busque transparecer isso a todos.
Já falei tanto de dias de chuva, que quero falar um pouco desse pôr-do-sol, que me faz lembrar que o dia brilhou.
O tempo está passando rápido no contrasenso de todas as minhas idéias, e eu só quero colocar algumas horas na minha agenda para lembrar que viver faz parte do processo e é preciso tirar também um tempo para isso.
Eu não sei quanto tempo dura, quantos minutos ainda restam até que um furacão entre pela janela e deixe as coisas ainda mais fora do lugar, mas de todas as coisas que eu digo qual delas eu realmente sei? Acho até que é melhor assim, ou não.
Quero mesmo é pular e confiar nas asas que tenho. Apenas hoje.
Porque  do amanhã eu realmente não sei.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

C-A-N-S-E-I

Eu já me enganei tantas vezes, e de tantas formas diferentes, que se olhado de fora parece até cruel.

Eu já segurei tanto choro para não ter que vê minha face retorcida no espelho.

Eu já quis tanto ir embora.

Já quis fugir, ignorar, enfrentar, no fim das contas fica tudo igual

Eu já escrevi para lembrar quem era, já tentei fingir que realmente sabia.

Eu já tentei esquecer, para vê se a vida ficava mais fácil.

Eu já tentei de tudo um pouco, horóscopo, pensamento positivo, a frase do dia do jornal, quem sabe assim parasse de doer um pouco.

Mas uma coisa é fato! A vida dói!

E dói incessantemente como uma ferida que não cura, que não acaba até você finalmente sair dela. Como estou na vida só posso dizer que me dôo todo dia um pouco, de tantos jeitos que parecer não ter fim o jeito de se doer.

Agente fica rouco, as vezes para de gritar e passa a doer calado e então parecer que está tudo bem, acho até, que tem gente que pega gosto pela dor, vira amigo dela.

Eu não sei sentir dor, acho que não nasci para isso.

Ainda não descobri como que alguém que não suporta a dor pode nascer, mas eu nasci!

Talvez um dia me acostume. Talvez não.

Eu já errei tantas vezes, sei que eles podem acontecer.

E isso é só o que eu sei, do resto... eu só finjo saber.

quarta-feira, 30 de março de 2011







A vida não cabe em mim, nessa parcela de ser, nesse meu jeito estranho de ser gente. A vida foi ficando espessa, se agigantando aqui dentro e tomou formas que não me comportam. A vida tende a ser externada antes que me parta ao meio. A vida liquefeita escorre pelas mãos. Não pode se conter. É um jogo de conjunto onde me contenho, mas a vida não pode ser contida. Nem mesmo este imenso vazio poderia abrigá-la, os alforjes teriam de ser infinitamente maiores. A grandeza da vida não cabe nesse pequeno coração tão cheio de vazios, que os passantes foram deixando, e agora, estou cheia de estar tão vazia, de me sentir tão preenchida de absolutamente nada. A vida misturada a um vazio inconsistente gera esse nó na garganta, essa urgência em dizer o que quer que seja, como se faltasse espaço nessa vida para mim mesma, como se eu precisasse sair de mim para tentar lembrar quem eu sou. Mas sou também um pouco dessa vida e muito desse vazio. Mas sou ainda outras tantas coisas, que não dá para explicar, que não cabe no espaço da cabeça das pessoas, mas que está ai, em algum lugar a quem queira um dia saber.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Encontrar-se


Todo começo com seu fim,
todo encontro com seus desencontros
toda expectativa numa chance de acerto                                           

Voce não é o meu verso preferido,
nem mesmo pretendi escrevê-lo um dia,
mas preciso dizê-lo, assim como tú és,
sem métrica ou rima.

Se o destino já te havia dito,
então és meu, é sina.
Mas se só te grifo no desalento,
é aceno,
depois é tempo, é tempo.

Mãos nunca se unem quando escrevem,
mas no verso sempre fica muito de um pouco,
que sou eu, que é seu.

Nesse jogo de palavras as mãos não se tocam, nem se vêem.
Só o papel fala, dobrado, guardado,
no silêncio de um sonho bonito,
que tem tempo e hora contados,
que não pode viver depois do amanhecer.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Como por um instante


                                                                                                          
         
         Do invólucro que faz a beleza nascer,
                                                         surge uma via de duplo afã,
                                                         nascer, crescer, perecer.
                                                         Já que não há na beleza destino outro, senão morrer.
                                                            
                                                         Tudo que é vivo morre,
                                                         e toda loucura se torna vã.
                                                         Loucura de um capricho velado,
                                                         que não conhece amanhã.

                                                         O olhar dispensado, pasmado,
                                                         é trocado jogado.
                                                         O belo mal pago.
                                                         Deslumbre de prazo contado.
                                                         
                                                         A beleza quer apenas ser,
                                                         brincar de querer por querer.
                                                         Ainda que seja breve, as horas que a vida desconhece,
                                                         a vida só quer viver.
  


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O poema morreu!
Foi gerado, gestado e parido,
na insanidade da mente do Autor.
Foi o breve instante de um suspiro,
não pôde viver.

O poema nasceu,
chorou,
gritou ao mundo e morreu.
Cumpriu sua sina.

O poema chorado,
morto e enterrado.
Fez o que havia de fazer.
Nasceu e morreu para alimentar a alma,
do corpo que só escreve,
que morre todo dia.