
Não temo o tempo, a menos que ele não passe. Tudo que se eterniza me apavora. Na verdade, não me causa angústia que o correr dos dias corte o meu rosto a fios de navalha e lhe confira outras feições, nem tão róseas, nem tão admiráveis. Me aterroriza tão mais o esvaziamento das ausências, a persistente inexistencia de qualquer espectro do espírito.
Qual é a graça de se criar charadas que tendem a não ser entendidas? O esmero e a dedicação do artista ecoam no vazio quando não se aprecia a beleza que há em suas palavras. O mesmo ocorre quando reflexo fala mais alto, perder sem a encantadora observãncia de tudo quanto se ganhou nas paragens do caminho. Me castra a esperança compreender que tantos caminhante têm os olhos cerrados e que nunca irão ver que o horizonte não se finita, esteja em que ponto do caminho estiver, mas depois de algumas longas passadas se deixa de tentar alcançá-lo, pois nem toda verdade se encontra naquilo que se vê.
Estamos na era das impressões, tudo é sensacional, tudo lúdico antevendo a própria miséria, melhor seria nunca terem impermeabilizado a alma, talvez a borboleta não seja forte o suficiente para sair deste cazulo. Isto realmente seria cômico se não fosse a narração da tragédia humana.
Ah! Essa humanidade encantadoramente dotada de um infinito de possibilidades emergentes de suas sacras lilmitações. Havia de ser a mais bela das criações não fosse a vã ingenuidade de tornar eterno tudo que se esvai, ao passo que conota de efemeridade o pouco que nunca se acaba.
De certo que não acorda um dia e simplismente se apercebe deste paradoxo, mas também não se vive toda uma vida num único instante. Há que se resignar frente a infinidade de tardes debruçadas em janelas, às penumbras das madrugadas e esses infinitos solilóquios que não se esquivaram das belas, enigmáticas, e porque não dizer dolorosas temáticas. O escárnio é parte do processo, um dos tantos que ora preconizam um recomeço, ora anunciam que é tempo de parar.
É uma caminhada que se faz só, por estrada de solo arenoso, árido, instável demais aos olhos dos viajantes que estão aqui à passeio, passagem vazia, sem sentido pede estrada se declives, de planícies retilíneas, próprias de quem não tem o hábito de olhar para baixo ou para os lados e quer enxergar apenas o horizonte desconsiderando infantilmente a distância que os separa.
São silenciosos e diminutos os passos que nos guiam para algum sentido, e não têm outro destino, senão para o outro e para o que somos, para dentro de nós mesmos, origem e fim de todas as coisas.
Afogar-se num cálice de sicuta é tarefa de certeza, típica das convicções de quem não proferiu uma só resposta, mas, fez as perguntas certas e lançou-as ao vento para que pudessem voar.
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