Um dia me disseram que me ler é como estar diante de um abismo... e eu completo: quando se está diante de um abismo só há duas alternativas ou você pula ou você aprende a voar!
quinta-feira, 10 de março de 2011
Encontrar-se
Todo começo com seu fim,
todo encontro com seus desencontros
toda expectativa numa chance de acerto
Voce não é o meu verso preferido,
nem mesmo pretendi escrevê-lo um dia,
mas preciso dizê-lo, assim como tú és,
sem métrica ou rima.
Se o destino já te havia dito,
então és meu, é sina.
Mas se só te grifo no desalento,
é aceno,
depois é tempo, é tempo.
Mãos nunca se unem quando escrevem,
mas no verso sempre fica muito de um pouco,
que sou eu, que é seu.
Nesse jogo de palavras as mãos não se tocam, nem se vêem.
Só o papel fala, dobrado, guardado,
no silêncio de um sonho bonito,
que tem tempo e hora contados,
que não pode viver depois do amanhecer.
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2 comentários:
Oi, Francielle, boa noite!!
Eu li seu poema sete vezes. Não é numerologia, nem foi falta de entendimento, nem eu estava desatento, nem ele confuso... Li... Até que pela mágica do pensamento sentássemos no mesmo lugar e, quem sabe, meus dedos assentados sobre os seus, eu pudesse receber todo o sentimento que fluiu por você, à medida que as palavras saíram...
Tenho pensado que um encontro é necessariamente a aceitação de que todos os outros sejam desencontros. Aquele verso não pretendido, mas escrito, e dito, sela a poesia da vida, às vezes sem métrica, às vezes sem rima... E tão somente isso permanece.
Que belo poema!
Quantos papéis que falam no silêncio! Porque dizem o que não pode ser dito... Um sonho que só pode ser sonhado. Mas quem não daria o que tem por um sonho que não apenas a madrugada escondesse, mas que se pudesse revelar com o amanhecer?!
Fico eu aqui, bebendo essa dicotomia tão preciosa, tão escondida nas palavras... E pensando: “ela é mais que poetisa... é escultora e perfumista!”
Certamente. Certamente.
Um abraço carinhoso
Eu amo esse blog.
Lello
Boa noite Lello,
Suas passagens aqui por este blog sempre enchem ele de sentido. Quando vc disse ter lido o poema sete vezes, quem sabe não foi se lado Drummond te apresentando as sete faces que este simples poema pode ter? Seu comentário foi exatamente o que eu precisei ouvir o dia todo, e pode apostar eu li seu comentário muito mais que sete vezes para tentar acreditar que esse poema que nasceu assim, dessa necessidade de respirar um pouco realmente possa ser bom. Aliás vou guardar na minha cabeça sua frase " o encontro é necessariamente a aceitação de que todos os outros sejam desencontros", é lindo, acho que agente quase poderia escrever um poema a quatro mãos, pois este seu post está tão permeado de significados que quase daria um poema. Por ora caro amigo, saiba que seu comentário fez o meu dia menos desencotrado, apesar de como o poema diz ainda estou na fase de me encontrar, para quem sabe olhar para trás e me aperceber que todos os desencontros valeram a pena.
É por isso que eu escrevo, para fazer um pouco de sentido entende?
Essa oportunidade rara de compartilhar com pessoas como vc um pouco de tudo isso que clama em mim é indescritível. Que bom que vc ama esse blog, porque também adoro receber seus comentários, porque bem ou mal escrever é o que há de melhor em mim, e vc parecer enxergar por trás das minhas letras tortas.
Um grande abraço!!
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